Veja vídeo do workshop:
PALESTRAS MINISTRADAS NO WORKSHOP
Derivações
da Deriva de Debord
Palestra de Eneida de Almeida
Palestra apresentada no
âmbito das atividades do Workshop Representar 2015, cujo tema consistiu na
apresentação de um histórico sucinto da criação do grupo dos Situacionistas
liderado por Guy Debord no final dos anos 1950, enfatizando aproximações dessas
experiências com a reflexão do antropólogo italiano Franco La Cecla em sua obra
Mente Locale. O objetivo principal da palestra foi evidenciar a
pertinência de se rever essas práticas hoje, numa tentativa de sensibilizar os
participantes do Workshop a exercerem uma participação mais ativa na observação
e redescoberta do território urbano, a desfrutarem dos deslocamentos como
possibilidades de construírem narrativas poéticas acerca do espaço, a
instaurarem um vínculo não exclusivamente utilitário com a cidade em que vivem,
de modo que essa experiência pudesse (e possa futuramente) se
refletir em uma atuação mais consciente e criativa sobre o ambiente urbano.
Conceitos sobre imãs e derivas
Palestra de Fernando G. Vázquez Ramos
Palestra introdutória apresentada no âmbito das atividades do Workshop Representar 2015, onde foram apresentados os conceitos gerais de imã de de deriva, a partir das ideias de Rem Koolhaas (imã) e do grupo dos Situacionistas liderado por Guy Debord (deriva). O ponto de contato entre estas duas polaridades foi o do "caminhar". Através da ideia do percurso, da promenade e da caminhada com finalidade estética, foram abordados diferentes obras (artistas e arquitetos) que usaram esses conceitos para o desenvolvimento de seus trabalhos. O objetivo da palestra foi orientar os participantes nas possíveis forma de interpretação dos dados que poderiam ser recolhidos durante a experiencia e como esses dados poderiam ser representados. As praticas artísticas, neste caso, subsidiam de forma bastante apropriada as possibilidades de transformar sensações do cotidiano em dados gráficos (em imagens de todo tipo, bi e tridimensionais) que não só são capazes de informar sobre o que foi experimentado, mas também induzem novas experiencias.
Representações da deriva a partir de "A Cidade de Vidro", de Paul Auster
A
palestra, apresentada durante o Workshop Representar 2015, abordou o livro de
Paul Auster, A Cidade de Vidro. A obra em questão discute a relação
entre a deriva e sua representação. Neste texto literário, que se passa na
cidade de Nova York, a deriva alheia é registrada em busca de critérios de
objetividade e sentido, o que gera um deslocamento da visão do usuário em
trânsito na cidade para uma visão próxima ao morador de rua e ao catador de
resíduos, bem como estabelece uma tentativa de anotação científica e isenta a
partir da observação do fenômeno da deriva.
Informações sobre aplicativos, sistemas, interfaces e formas de registro das “trilhas” que cada participante fará
1- O registro da atividade imã deverá ser realizada desde o
seu local de partida ou às 7h, o que acontecer primeiro;
2- Recomenda-se utilizar o aplicativo MyTracks/Minhas
Trilhas do Google (versão Android)
ou similar para IPhone/iOS (myTracks - The GPS-Logger By Dirk Stichling) para
registrar o precurso;
3- A utilização de outros aplicativos deverá garantir a
exportação de informações nos formatos KML ou GPX (utilizáveis no MapBox ou
MapTill);
4- Seria interessante buscar um registro sistematizado de
fotos a cada 15min (preferencialmente a partir da interface do MyTracks),
para que possamos elaborar mapas espaço-temporais isócronos, etc.;
5- Fotos de pontos de interesses, marcadores de pontos e
situações interessantes no percurso, desenhos, vídeos, etc. são de livre
escolha;
6- Convém testar antes a utilização do app e sair de casa
com a bateria completamente carregada;
7- Ao longo do percurso, procurar manter o app o maior tempo
possível em primeiro plano, pois às vezes o sistema pode 'desligar' apps em
segundo plano;
8- Caso não seja viável/possível tirar fotos, utilizar os
marcadores da forma mais automática possível (sem digitar títulos pessoais, por
exemplo) que depois poder-se-á incorporar alguma imagem pública (street view ou
panoramio, por exemplo)
INSCRIÇÕES, MATERIAL NECESSÁRIO, LOCAL DO EVENTO E DADOS DO TRABALHO QUE SERÁ REALIZADO
“Imãs e derivas da Mooca: uma
aproximação poética ao espaço urbano do bairro”
Data do workshop: sábado 14/11/15
Local: Unidade Mooca / USJT
Participantes: alunos de arquitetura e design (graduação e mestrado)
Número de participantes: 25
Professores Ministrantes: Andréa de Oliveira Tourinho, Eneida de Almeida, Gastão Salles, Fernando Vázquez, Maria Carolina Maziviero, Maria Isabel Imbronito, Paula Belfort Mattos,
Horário: 09h00 – 16h00
Informações gerais: http://representar2015.blogspot.com.br/p/1_70.html
Material solicitado
para os participantes:
Celular (3G).
Programa de cartografia colaborativa, opu registro de
trilhas. Existem vários, mas os participantes deverão usar os que têm
possibilidade de exportar dados reutilizáveis/intercambiáveis nos/com os demais
softwares de edição de mapas (por exemplo: GPSLogger, MyMaps, MyTrack, ou
outros similares). O aplicativo de cartografia que usaremos para baixar as
informações posteriormente será o Geosetter.
Caderno de notas.
Rolo de barbante de 500 m (se possível colorido).
(Dúvidas sobre o material necessário, consultar os
coordenadores do workshop)
Proposta de trabalho:
Registro, em base de dados colaborativa (a definir), dos
percursos dos participantes / ministrantes em seus deslocamentos desde o local em
que se encontrem às 7h00 do sábado, dia 14/11, até a Unidade Mooca da USJT (que
será considerado como imã dos percursos).
O registro poderá ser de qualquer tipo (sonoro, gráfico,
fotográfico, etc.), mas deverá constar da base cartográfica comum definida para
guardar as informações da atividade.
A ferramenta principal de registro, portanto, será o aparelho
celular ligado a uma rede 3G, que permitirá o registro imediato de dados usando
o programa escolhido para recolher as informações dos percursos. Contudo, outras ferramentas, como desenhos,
anotações e registros escritos, ou ainda fotografias tomadas por câmeras
fotográficas digitais ou aparelhos sem 3G, que possam depois serem
descarregados numa base comum, também serão bem-vindos.
O intuito da experiência será registrar, da forma que seja oportuna
para cada participante, seu deslocamento de casa até a USJT, indicando, se
possível, o meio de locomoção ou transporte utilizado, os pontos específicos de
troca de meios (se houver), ou ainda as alterações significativas do percurso. Interessa
articular ao registro do espaço percorrido, o tempo de deslocamento, e as
expectativas e sentimentos dos que percorrem esse espaço.
O uso de uma plataforma unificada e colaborativa simplificará
o armazenamento de registros, mas é importante que o participante não se sinta
constrangido a usá-la como única forma de.expressão. O intuito será de máxima
liberdade possível na ação.
Chegando ao ponto de encontro, Unidade Mooca USJT, os dados
serão cotejados de modo a observar a variedade de informações e formas de
expressão das mesmas, uma primeira imagem do percurso geral através da sobreposição
dos percursos de todos os participantes poderá ser gerada nesse momento, para
verificar o efeito do imã sobre os trajetos.
Depois de discutida a base do trabalho com os participantes,
os professores ministradores darão uma apresentação de 15 minutos cada um,
comentando experiências, casos, referências bibliográficas ou dados
relacionados à deriva como forma de percepção da cidade, em como prática
operativa (ou artística) de compreensão do urbanismo e de suas possibilidades
como ferramentas de interpretação / gestão da cidade.
Na sequência, com a participação de todos, será desenvolvida
uma atividade lúdica, estimuladora de novos vínculos e processos de
reconhecimento do espaço e da própria locomoção na cidade, com a finalidade se
alcançar uma aproximação às práticas da deriva nas imediações do edifício da
USJT, portanto uma deambulação físico-perceptiva pelo bairro, numa área de
aproximadamente 1 km² e cujo epicentro será o edifício de USJT.
Objetivos e expectativa do workshop
O objetivo do workshop é, estabelecer, através de uma
experiência livre e sensitiva (artística/poética) uma aproximação ao espaço
urbano, especialmente ao espaço público, que seja ao mesmo tempo informacional
(isto é, capaz de reunir dados sobre as condições e caraterísticas do espaço
público) e lúdica, abrindo possibilidades de compreensão do ambiente urbano que
as abordagens técnicas não são capazes de permitir, ou pelo menos não são
capazes de incentivar. Os ministrantes do workshop entendem que este tipo de
abordagem seja importante para jovens estudantes que, interessados pela cidade,
procuram novas formas de se relacionar com ela. A expectativa, portanto, é que as
atividades deste workshop possam não apenas informar, mas sobretudo estimular
os participantes, alunos de arquitetura e de design, a se apropriarem de formas
alternativas de aproximação à cidade, formas que, contudo, não são recentes,
pois as experiências nesse sentido realizadas por dadaístas nos anos 1930 têm
já quase 90 anos!
Apresentar esses caminhos aos participantes e transformá-los
em agentes disparadores de ações de experimentação de cidade e do espaço
público, pode configurar uma oportuna estratégia de releitura e reinterpretação
do espaço urbano e, mais do que isso, de fruição e apropriação coletiva a
partir de visões “desacostumadas”, “inovadoras”, “fora do comum”, “conscientes”
do deslocamento na cidade na qual moram. Essa percepção à deriva poderia
estimular uma “autoconsciência” de fenômenos que normalmente passam
desapercebidos na vivência cotidiana da cidade, como o fato de ir todos os dias
à escola, ou a minha casa, ou ao cinema, etc.
Os Coordenadores
Workshop PGAUR/USJT dentro das atividades do 3º SEMIÁRIO
INTERNACIONAL REPRESENTAR - 2015
6. No Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu (PGAUR / USJT)
Título:
Imãs e derivas da Mooca: uma
aproximação poética ao espaço urbano do bairro
Professores
Responsáveis:
Eneida de Almeida, Fernando
Vázquez Ramos e Maria Isabel Imbronito
Instituição:
Programa de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu
Local:
Unidade Mooca (Rua Taquari
546, Mooca – São Paulo)
Duração:
1 dia
Data
e horário do WS:
Sábado, 14 de novembro de
2015 (9h00 – 16h00)
Público
alvo:
Estudantes de graduação e
pós-graduação em arquitetura e/ou design
Vagas disponíveis:
25 vagas
(o workshop não será cobrado, porém uma lista de material será enviada aos
alunos)
Resumo
da proposta:
Um bairro não está determinado somente
pelos fatores geográficos e económicos, mas sim pela representação que seus
habitantes e os de outros bairros têm dele.
Chombart de Lauwe, 1952
Como
parte das atividades do III Seminário Internacional Representar 2015, e com o
apoio do PGAUR/USJT, propomos realizar um trabalho de aproximação poética à
percepção do bairro da Mooca, em São Paulo. Antigo bairro fabril, teve seu
desenvolvimento impulsionado no final do século XIX, com a fixação de
importantes indústrias têxtis e com a acomodação das moradias dos operários
empregados nesses estabelecimentos, em sua maioria imigrantes. O bairro,
contudo, foi alterando suas feições e modos de vida, à medida que se passa de
vila a cidade e sucessivamente a metrópole num arco de tempo bastante breve.
Nos
anos 1970, em um contexto bastante distinto daquele de origem, a implantação da
Universidade São Judas concorre para a consolidação de novos aspectos
socioculturais. O que se observa é a presença dessa instituição como um
verdadeiro imã que atrai cerca de 16.000 universitários todos os dias e que
movimenta um importante polo de atividade juvenil fora da área central e
comercial da Mooca. O campus da USJT está localizado em ponto estratégico,
defronte às instalações da Subprefeitura da Mooca (envolvidas por uma
significativa área verde, antes ocupada pelo antigo Hipódromo), e não muito
longe da que fora a mais importante fábrica do bairro, o Cotonifício Crespi,
fundado em 1897, e hoje transformado em centro comercial.
Enquanto
fragmento de cidade, o bairro da Mooca pode ser compreendido como um marco
urbano de concentração de atividades culturais, institucionais e comerciais,
também ele uma espécie de imã urbano (Koolhaas), ponto singular de atração numa
cidade que tende inexoravelmente a tornar-se genérica, abandonando tudo o que
não funciona e deixando de lado o que não se enquadra numa lógica utilitária e
imediatista, excluindo, portanto, a memória e a história.
Dentro
desse contexto, entendemos que a representação da cidade, sendo de natureza
imaterial, embora se vincule às suas estruturas, aos seus artefatos, não se
limita ao registro do seu corpo material. Ao contrário, incorpora as práticas
que, além de lhes dar forma, conferem-lhe sentido e legibilidade, como um
palimpsesto (Eisenman), uma superfície escrita e reescrita. Disso decorre a
proposição de que cabe a nós ler o mundo e escrevê-lo através de um amplo leque
de coordenadas (físicas ou psicológicas, artísticas ou técnicas) que nos são
acessíveis, tanto no papel de produtores de sentido, como na condição de
receptores de informação.
E,
ainda que possamos entender um “mapa” como uma abstração, podemos também pensar
que a criação de um mapa mais do que a construção de um quadro formal de
espaços abstratos, é um ato criativo e dinâmico que indica uma forma de
intervenção (realizada ou por vir) no território real. Mapear, segundo essa
perspectiva, não corresponde a uma ação neutra e a construção de um mapa não se
apresenta como um ato simplesmente racional e técnico. É possível afirmar que
qualquer ato de observação e registro incorpora uma dimensão subjetiva e até
inconsciente. Portanto, o ato de mapear pode ser concebido como uma forma de
concentrar informações – objetivas ou não – produzidas por observações que se
considerem pertinentes e indicadas para a utilização a que se presta. Um mapa
do metrô, por exemplo, é só um diagrama de linhas e pontos, onde só estes
últimos têm alguma importância para o usuário, cuja meta é localizar a estação
aonde se quer chegar.
A
proposta do workshop concentra seus esforços na produção de alteração de
modelos de observação, usando várias estratégias que permitam o desenvolvimento
de novos “desenhos interpretativos”, pois a cidade não é todos os dias a mesma,
e nós não somos os mesmos cidadãos todos os dias. Que cidade é essa na qual
cada dia nos deparamos com uma realidade diferente? A ampliação dos processos
de observação favorece o contato sensível com a cidade enquanto fenômeno complexo
em constante transformação.
Essa
complexidade requer um reposicionamento nos processos de produção de registro,
além disso, é necessário compreender como recombinar diferentes meios de
representação: textos, desenhos, fotos, gravações, mapas, satélite, etc.
Acrescente-se
a isso, que a realidade com a qual nos defrontamos na cidade é, de fato, uma
paisagem residual produto de uma urbanização dispersa, que requer de entender
conceitos muito amplos, como poderiam ser as ideias do Drosscape (Alan Berger) ou do Terrain
Vague (Solà-Morales). Formas de aproximação descontínua ao território
supostamente unificado da cidade, fluxos e sintonias dentro de campos
gravitacionais amplos, muitas vezes desconexos, sem um sentido geral. A cidade
não é uma unidade territorial, é um acúmulo de tensões que distorcem a
percepção, e o uso, da cidade como uma “pele elástica” (a Urban Flotsam de
Raoul Bunschoten).
Diante
do exposto acima, propõe-se a “Deriva” com um método de observação e de
construção de narrativas acerca da cidade. Esperamos conseguir revelações de
quem anda “à deriva”, por meio de processos de edição de imagens nos quais o
participante interfere de forma consciente e interpretativa sobre o que viu e
sentiu.
Entendemos
esta nova concepção de cartografia como uma forma de apropriação dos rastros
deixados pelos caminhos, convertendo-os, eles próprios, em representação, em
paisagem. A cartografia não só representa esses percursos, mas os faz evidentes
e apreensíveis, coisa que não são no território.
Como
os pontos de partida e de chegada da deriva
são indiferentes, de acordo com Debord, propomos usar a Unidade Mooca da USJT
como ponto, ao mesmo tempo de chegada e de partida para uma experiência de
mapeamento da cidade de São Paulo, e do bairro da Mooca.
Os
participantes serão solicitados para perceber eixos de deslocamento,
localizações espaciais e determinação de lugares de significação, novos
labirintos, partindo de qualquer ponto da cidade (provavelmente as próprias
residências) em direção ao imã da USJT na Mooca, onde realizaremos uma primeira
aproximação à criação coletiva de um “mapa” rizomático do percurso dos
participantes. Numa segunda etapa de trabalho, os participantes deverão assumir
a condição de sujeito narrador, definindo o que farão. No final do dia, as informações
serão agregadas aos mapas anteriores sob a supervisão dos professores
coordenadores. O resultado final será compartilhado com as demais instituições
que tomam parte deste Seminário.
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